UMA CRUZ PARA JULIAN ASSANGE. Por Carlos Pronzato

Carlos Pronzato
O ativista australiano Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, será julgado novamente no Reino Unido nos dias 20 e 21 de fevereiro, o que poderia ser a última etapa antes da sua extradição aos EUA. Preso nesse país desde 2019, é procurado pelos EUA por ter divulgado arquivos militares secretos entre 2010 e 2011. Em 2010 o seu site divulgou um vídeo que mostrava um helicóptero militar norte-americano abatendo 18 civis em Bagdá, capital do Iraque. Além disso publicou milhares de documentos confidenciais que indicavam que as Forças Armadas norte-americanas tinham matado centenas de civis que não constavam dos relatos oficiais durante a guerra do Afeganistão. Acusado de espionagem, pode ser extraditado aos EUA, onde poderia cumprir pena de até 175 anos, segundo fontes dos seus apoiadores. Em uma oportunidade, o diretor de WikiLeaks disse: “Debelamos ao mundo os segredos dos poderosos e construímos uma Biblioteca diferente, uma Biblioteca que contém a informação de como funciona nosso mundo e as suas instituições, informação que durante séculos só esteve nas mãos das elites e que agora colocamos a disposição do povo.”

O presidente Lula, que ontem se manifestou corajosamente em Adis Abeba, Etiópia, durante a 37 Cúpula da Uniao Africana, contra o genocídio perpetrado pelo Estado de Israel contra o povo palestino, também se pronunciou sobre o caso em junho de 2023, em Roma: “Estou indignado com as pessoas que dizem defender a liberdade no mundo. Assange está em prisão porque denunciou ao mundo a espionagem dos EUA (...) o que Assange fez merece o respeito de todos os jornalistas da terra”. Como homenagem a quem teve a coragem de publicar verdades sem medo, escrevi o poema “Preparam uma Cruz para Julian Assange”:


Preparam uma cruz para Julian/Uma morte sem testemunhas/Com tuas mãos incrustadas/Pregadas com as 50 estrelas/pregos/Do Império/Preparam uma cruz para Julian/Com teu corpo agonizando/Atrás das 13 barras/barrotes/Dessa bandeira/Encharcada com o sangue do mundo.

Preparam uma cruz para Julian/Uma cruz/Com a verdade pendurada/Da tua coroa de espinhos

Clandestinos

Te matam por nos abrir os olhos/Te matam por revelar secretos/Do terrorismo norte-americano/Te matam por denunciar cinzas/Que voam como abutres/No final das guerras/ Te matam por ser um pombo/Uma notícia necessária/Um aviso/Um alerta/Em um mundo sem paz.

Te matam porque vistes as mortes/Que tramam/E por isso/Querem uma cruz para Julian

Uma cruz nas trevas/Para que ninguém saiba/Y que tua morte seja uma morte qualquer

Mas o Império não impedirá/Que teu sangue - se te matam -/Seja notícia/Y seja a voz - nossa voz -/Que lhes grite na cara/Suas manobras/Seus golpes/E principalmente/Seus crimes/De guerra.


*Carlos Pronzato, é Cineasta, diretor teatral, poeta e escritor. Sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). carlospronzato@gmail.com

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